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as vezes passo-me... (sem razão aparente)

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17.1.08

 
..em nome do outro... deixo de ser, para apenas existir...


.. por uma paz desejada! por um desejo gritado, do fundo, sentido.

para quê ser, se não faz sentido ser sem o devir existencial?

 
.. back in the shell..


.. é um ciclo que se finda..

 
Assim que se começa a mudar, nunca mais se irá parar.

Roda, que roda, e torna a rodar.

E se a viagem nos causa embaraço? Se nos enjoa? E não se pode parar.

Parar é morrer

E não se quer parar, apenas parar. Parar de parar. Parar de parar, parar para parar. E não se quer parar de parar, parar. PARAR.

Não quero parar, apenas desenjoar, deixar de sentir, abrandar. Não quero sair daqui, não quero abandonar este comboio, apenas quero abrandar. Suavizar a loucura, acalmar a mudança.

Não sou contra a mudança, mas sim contra o enjoo da mudança, da viagem, do cansaço, da louca corrida sem fim. Vejo-me como o homem no inferno, condenado a subir uma escada que no último degrau se torna um plano inclinado. Vejo-me como no inferno, vejo-me no inferno, vejo-me num inferno. O fogo queima-me, andar queima-me, subir queima-me, quero parar de parar. Acabar por parar. Encontrar uma forma de parar sem parar, sem abandonar a viagem, sem parar. Apenas desenjoar.

Tudo me dói a cada passo que dou, tudo me custa, e cada vez mais me custa, e cada vez mais sei, antevejo, que a seguir a este passo, outro virá, obrigatoriamente, seguido, imediato, e doerá mais ainda, e custará mais ainda, e pior que esse será o outro em seguida. E estou cansado de me doer, não só os passos que dou como também os que sei que darei em seguida. Sofro por antecipação numa viagem à qual encomendo, sonho, um fim que sei ser irreal, sonhado, impossível de viver.

A ambição, o acompanhamento da ambição, o alheio que se vive, que se acompanha, com que se move o indivíduo, o alheio que somos também. O alheio que é o outro, que de facto sou eu. Mas não sou. Sou nós! Sou uma existência multiplica, e quero manter-me a ser uma existência múltipla, mesmo que isso me mate, mesmo que esteja cheio de dores, não apenas das que tenho, mas como também das que terei já a seguir, e das outras que se seguirão, e das outras, e até mesmo de outras que ainda nem sequer penso nelas, que não as sonho, num caminho que não sei qual será, mas sei que me vai doer, que me vai obrigar a mudar, a caminhar num tortuoso caminho solitário. Acompanhado, mas solitário. Aos gritos, mas em silencio.

Viver é uma sucessão de passos tortuosos e cansativos que apenas nos aproximam da morte.

Viver é morrer a prestações.

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