Continuo, como sempre, como poucas pessoas sabem que é "como sempre", como poucas pessoas me viram "assim"... tal como tu...
Perdido entre mim e mim proprio... menos exalante... menos referenciador de emoções... menos zangado com todagente... e por todas as razões... menos alegre... tal como menos triste... num refrear infindo de emoções... numa maneira de ser eu proprio melhorada... mas em si desfocada e rebatida pela fuga de mim...
A melhor forma de não sofrermos as nossas "dores" é simplesmente não sermos nós proprios... e se não o formos durante muito tempo... se nos escondermos de nós e vivermos cada vez mais sem a nossa propria mascara... acabamos por viver e sentir na pele quer aquilo que não somos, quer mesmo os aspectos negativos disso em que nos tornamos.. sem nunca o sermos...
Há varios anos que afirmo correr sem parar... sem nunca parar... inventar caminhos de fuga onde eles nunca existiram... fugir sempre para a frente... fugir sempre à frente da depressão, da qual, por já me ter atingido.. e deixado marca, conheço o cheiro... e sempre que o sinto aproximar... vou abaixo por 3 dias... bebo alcool sem fim... bebo agua e chá... renovo-me... troco de pele... e volto a fugir à sua frente... volto a esquecer os lados maus de sentir a vida... volto a dizer que sou "a pior pessoa do mundo", e continuo a correr, quer pra longe de mim, quer pra longe de todas as pessoas que podem ter alguma intervenção na minha vida (seja positiva ou negativa) sobrando apenas aquelas pessoas raras.. que vivem comigp... que existem comigo... que por qualquer razão... que nunca sei bem qual é... me acompanham sempre... me acalmam e sossegam... me fazem ver os caminhos pacificos da vida... e que correm ao meu lado... me acompanham sempre.. independentemente da inconstancia do meu ritmo...
Deprime-me o meu exagero inconstante dos sentimentos.. quer dos que tenho.. quer dos que nunca terei... deprime-me sentir-me sempre tão sozinho... e raramente sentir companhia nessa corrida louca e desenfreada para longe de mim proprio... deprime-me que tanta gente desista pelo caminho.. ou imponha limites ao seu acompanhamento... deprime-me estar sozinho... e por isso enlouqueço e deixo rodear-me sempre de tanta gente... de pessoas disponiveis para existir, para partilhar, para amar, para estarem e existirem em conjunto comigo... e acabo sempre por sentir e desejar o que sei quer à partida, quer a cada passo, ser algo que não quero... que não ambiciono, ou desejo... acabo por empolar sentimentos que nunca existiram... acabo por viver no fio de uma navalha que não existe... e assim fragmento o coração... assim o desfaço em mil bocados dificeis de colar... dificies de compactar.. ou sarar... fico com ele como numa chaga viva... que me mata.. e me doi... e me lacera o interior... sem nunca parar.. sem nunca acalmar.. e a cada novo passo, nova repetição.. nova ferida.. torno-me cada vez menos eu proprio.. torno-me cada vez menos aquilo que nunca fui, aquilo de onde fujo... aquilo que me magoa.. e que me deixa tão fora de mim... que no fundo.. não passa de "eu proprio"...
Anseio e receio o dia em que pare de correr, em que o abismo me alcanse... me desfaça, me mate, tornando-me finalmente naquilo que sou... encarando as coisas de frente... em que pare de fugir...sinto que nesse dia me considerarei um ser "adulto". Receio que esse dia nunca chegue.. simplesmente.. porque tenho medo de parar de correr...